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Melhores livros de 2023

Seguindo o costume de todos os anos, está aqui a lista dos principais livros que li ou reli neste ano. 2023 foi muito produtivo, portanto parar para escrever este texto sempre me causa muita indecisão e vontade de listar 50 ao invés dos tradicionais10. Entretanto, esforcei-me bastante e consegui compilar a lista, sempre relembrando que somente romances de ficção ou biografias entram neste artigo. Também vale citar que neste período eu li maravilhosas obras teóricas, como Homo Deus, de Yuval Harrari; Não aguento mais não aguentar mais, de Ann Hellen Petersen; O caso contra a perfeição de Michael Sandel; e  obviamente Quem manda no mundo e Requiém para o sonho americano, do sempre espetacular Noam Chomsky. Porém, a lista abaixo somente trará ficções e biografias lidas entre Janeiro e Dezembro de 2023.   1. Torto Arado – Itamar Vieira Júnior Certamente o maior acontecimento da literatura brasileira das últimas décadas, Torto arado vai ao coração da Chapada Diamantina para revelar

Não, obrigado!

Era um típico domingo de verão no sul do Texas, e as temperaturas em Houston batiam novos recordes todos os dias. Daniel acordou cedo e, seguindo o seu costume de bom cristão, arrumou-se para ir ao culto semanal. A igreja  era o lugar onde ele mais amava estar. Ali ele se sentia bem, se sentia importante e acolhido. Ao chegar ao templo, procurou o assento no qual ele e seus amigos de longa data gostavam de estar durante a celebração. Naquela comunidade ele se via igual aos demais, todos unidos em um só propósito: seguir o bem e adorar o mesmo Deus. Seus amigos se pareciam muito com ele, compartilhando de semelhantes histórias de vida, vindos de uma mesma classe social, tendo a mesma cor de pele e com desejos e anseios muito parecidos. Após uma hora dos mais belos cânticos entoados pelo grupo de louvor, e sincronizadamente seguidos por toda a congregação, o pastor pegou o microfone e trouxe a verdadeira palavra de Deus. Ele ministrou sobre as mais diferentes curas, tanto da alma quant

O Deus cego

Repentinamente ele acordou. Estava de pé e não tinha a mínima ideia do local onde despertara , o que ocorrera anteriormente ou o que levara até ali. Uma suave e agradável brisa tocava sua face e ele se sentia muito bem. Não parecia ter nenhum arranhão no seu corpo, inclusive seu joelho direito não mais o incomodava, mesmo após anos e anos de desconforto naquela articulação. Ele então correu a mão pelo seu peito e barriga e percebeu que se vestia com um traje diferente, algo parecido com uma túnica talvez? Notou que sua inseparável bengala estava pendurada em seu pulso e não pensou duas vezes antes de abrí-la e começar a tatear ao seu redor para saber se era seguro se mover da onde estava. Um aroma delicioso de bolo de cenoura recém assado inundou o ar e foi direto às suas narinas. Deliciou-se com aquele cheiro, que foi de repente completado com um teor de café torrado na hora. Ao fundo, parecia ouvir uma música. Sim, era música. Elis Regina lhe recordou então que era o mês de março, e

De onde eu falo, tu falas e ela fala

Em setembro de 1963 foi lançado nos Estados Unidos o primeiro                volume de quadrinhos do que viria a ser um dos maiores clássicos de todos os tempos. X-Men tratava de uma minoria que acendia em uma civilização distópica, e que portanto buscava meios de se encaixar dentro dessa sociedade. Os mutantes  tinham seus grandes poderes e sua simples existência era capaz de modificar todo o planeta, no entanto enfrentavam muitos obstáculos e a aversão dos humanos que seguiam com medo de como esta integração seria feita. Deixando de lado toda a ação que os incontáveis quadrinhos, desenhos e filmes de Hollywood mostraram e popularizaram a marca, a história criada por Stan Lee tem o foco principal em seus dois grandes protagonistas, os super poderosos Charles Xavier e Erik Lehnsherr, ambos líderes de grupos de jovens mutantes que tentam sobreviver dentro do mundo ficcional da história. Professor X e Magneto, como assim são também conhecidos nos quadrinhos, começam então uma relação am

Pequenas conquistas

Estávamos Marida e eu sentados no sofá curtindo o final de tarde de domingo. Ela assistia a uma de suas séries favoritas e eu lia o último capítulo do livro Eu, robô. Ela me cutucou o ombro e   eu pausei o áudio; tirei o fone de ouvido e ela me perguntou: “Vou fazer uma pipoca, você quer?” “Quero sim. Vou colocar alguma coisa para a gente beber então.” “[Agua com gás!”- pediu-me ela. Servi os nossos copos, trouxe-os   para a sala e sentei-me novamente no sofá. Marida chegou com a pipoca eantes de se aconchegar ao meu lado, olhou-me e disse: “Nossa, como o teu cabelo está grande!” “Pois é. Também estou sentindo isso. Acho que vou lá cortar amanhã.” " Ah, Marido. Eu tenho tanta coisaparafazer esta semana. Eu nem sequer poderia estar aqui asssistindo televisão. Minha lista de tarefas está gigantesca nestes dias.” “Não precisa ir comigo desta vez não. Eu vou lá sozinho!”-retruquei eu. “Vocë vai? Entáo está bem!”- disse-me a Marida. A segunda-feira foi um tanto corr

Melhores livros de 2022

D ando continuidade a um hábito que comecei no ano passado, trago aqui para o blog a lista dos melhores livros que li em 2022. Antes disso, gostaria de dizer que este foi um período muito produtivo, pois consegui atingir a meta de ler uma obra por semana, e chego ao final do ano com 54 livros já concluídos e ainda um ou dois para terminarainda antes do dia 31 de dezembro. Sem contar que foi agora no ano de 2022 que eu lancei o meu primeiro livro: Dislexia Visual, que é uma coleção de crônicas existentes aqui neste blog e algumas inéditas que só se encontram por lá. Por tudo isso, tenho que reconhecer que, pelo menos em termos literários, 2022 foi sim um sucesso! Bem, assim como relatei no ano passado, eu li algumas excelentes obras teóricas, tais como Requiem para o sonho americano e Quem domina o mundo, do Noam Chomsky e, principalmente, O povo brasileiro, de Darci Ribeiro; entretanto, a lista abaixo somente vai trazer livros narrativos, de ficção ou autobiografias. Sem mais delongas,

A minha adorável heroína

Abri a porta do passageiro do nosso Escort 1987, empurrei o assento para frente e sentei-me no banco de trás. Meu pai trouxe sua mala com chuteira, meião e outros apetrechos futebolísticos, abriu o porta mala, jogou tudo ali dentro e, após fechar o compartimento, gritou bem alto: “Vamos Marlene!” Minha mãe veio de dentro de casa vestindo seu típico guarda-pó branco de professora e trazendo em suas mãos alguns livros de ciências e um estojo com giz. Ela desceu no colégio onde daria aulas noturnas a uma turma de adultos, e eu acompanhei meu pai para o seu habitual futebol de terça-feira. Enquanto ele estava no campo com seus colegas de pelada, eu fui para a quadra que ficava do lado do campo onde os outros adolescentes também jogavam futebol. Cumprimentei alguns deles, mas não me aventurei a entrar no jogo, pois eu ainda estava tentando “ir devagar”após mais uma cirurgia que tinha acontecido umas trës semanas antes. Um dos meninos então disse: “Vamos jogar linha então!” Não vi gr