Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Acessibilidade

O super coitado de Sevilha

Imagem
Em 2006, após concluir todas as matérias na faculdade, eu tomei uma decisão que  transformaria toda a minha vida: fazer um intercâmbio na Espanha. Mudei-me, então, para Sevilha, que é localizada no sul da península ibérica e que também é a quarta maior cidade do país. Matriculei-me em algumas matérias na Escuela Superior de Ingeniería Informática e estudei ali durante o primeiro semestre do ano. Após alguns meses de procura, também fui admitido em um programa de estágio na fábrica de caixas de câmbios da Renault naquela mesma cidade, o que extendeu minha estadia na Europa por mais seis meses.             Aquele ano de 2006 foi, sem sombra de dúvidas, um dos melhores momentos que eu vivera até então. Além da faculdade e do estágio, também trabalhei como garçom em um bar-restaurante em uma região bem turística de Sevilha e fiz inúmeras amizades, muitas delas que perduram até hoje. Além das grandes experiências profissionais, ...

O capacitismo na religião

Imagem
Em um culto de domingo a noite, o pastor conduzia uma pregação sobre a passagem bíblica do Evangelho de João, capítulo 9, na qual Jesus curara um homem cego de nascença. Para tanto, o nazareno cuspiu no chão, fez um lodo com aquela terra e passou nos olhos do deficiente, que estava ali a mendigar (guarde bem essa informação). Por fim, pediu ao homem para que se lavasse no tanque de Siloé. E, após isso, ele pôde, então, ver.             Como parte do ritual de um típico culto evangélico, ao fim da ministração da palavra, um músico começa a tocar uma melodia calma e reconfortante, enquanto o pastor convoca pessoas para receberem orações. Dependendo do assunto do dia, o apelo pode ser feito para que visitantes se convertam à fé cristã, ou para que os membros recebam bênçãos familiares, financeiras ou outras. Portanto, naquele dia, seguindo a temática de João 9, o pastor conclamou os fiéis a buscarem a cura de suas enfermidades. Várias ...

Mas, e o velhinho?

Imagem
Se você leu o meu último texto (recomendo que o faça antes de seguir com este aqui), talvez tenha ficado com a seguinte pergunta na cabeça: “O que aconteceu depois que o senhor de idade pediu ajuda para ir até o 12º andar?”.  Bem, seu questionamento é justo e também representa um ótimo “gancho” para prosseguirmos com a nossa reflexão.             Para acabar de uma vez com o mistério, utilizei-me do método desenvolvido anteriormente, fiz uma aproximação média a partir da luz 19 já acesa e consegui achar, com algum custo, o número 12 para aquele simpático senhor. Ele, então, saiu no andar que lhe era pertinente, agradeceu-me pela ajuda e desejou-me um excelente dia - bem fofinho. Ou seja, a despeito do sofrido início da história, o desfecho foi um sucesso.              Contudo, apesar de eu ter conseguido ajudar o senhor naquele dia, situações como esta costumam frequentemente acontece...

O dia que eu saí do armário

Imagem
Em uma manhã nublada de Outubro, eu chamei um carro pelo aplicativo do celular e fui até o oftalmologista. Era uma clínica nova, localizada em um grande edifício próximo ao centro da cidade, e na qual eu jamais fora anteriormente. O motorista então me deixou próximo a uma imponente porta de vidro que julguei ser a entrada principal do prédio. Entrei no saguão e, como de costume, parei por alguns segundos para tentar entender onde eu estava (fiz o reconhecimento do local). Consegui enxergar um senhor sentado atrás de um balcão e logo deduzi que se tratava ou da recepção ou de um centro de informações. Fui até ele e perguntei onde ficava o elevador. Ele apontou a direção com o dedo e disse:  “Logo aqui atrás!”.             Como a grande maioria das pessoas por aqui se deslocam com o seus próprios carros, o térreo (entrada de pedestres) estava vazio. Apesar disso, o prédio era muito grande (só pra termos uma ideia, o consultór...

A acessibilidade e os outros

Hoje, durante o almoço com a Marida, percebi que na mesa ao lado havia um jovem de mais ou menos uns 16 anos e uma senhora que, ao que tudo indicava, era sua mãe. Os dois pareciam ter uma ótima relação e conversavam bastante. Infelizmente, por mais que eu tentasse não conseguiria entender nenhuma palavra da conversa, já que eu não decifro a linguagem de sinais - sim, eu confesso que não ouvi nenhum dos dois falando, mas vou deduzir aqui que o rapaz é um deficiente auditivo. Ao lidar com aquela situação bem próxima a mim, eu comecei a reparar como o ambiente estaria adaptado para aquele rapaz: Estaria ele se sentindo a vontade? Quais os tipos de desafios ele teria ali e que nem se passavam pela minha cabeça?  Por exemplo, aqui na cidade onde moro, os garçons vêm à mesa a todo momento, perguntam se você quer mais água, perguntam se a comida está boa, ou se você quer uma sobremesa. Bem, um garçom então veio à minha mesa e me perguntou como estava a comida, depois disso, ele també...