A acessibilidade e os outros
Hoje, durante o almoço com a Marida,
percebi que na mesa ao lado havia um jovem de mais ou menos uns 16 anos e uma
senhora que, ao que tudo indicava, era sua mãe. Os dois pareciam ter uma ótima
relação e conversavam bastante. Infelizmente, por mais que eu tentasse não
conseguiria entender nenhuma palavra da conversa, já que eu não decifro a
linguagem de sinais - sim, eu confesso que não ouvi nenhum dos dois falando,
mas vou deduzir aqui que o rapaz é um deficiente auditivo.
Ao lidar com aquela situação bem próxima
a mim, eu comecei a reparar como o ambiente estaria adaptado para aquele rapaz:
Estaria ele se sentindo a vontade? Quais os tipos de desafios ele teria ali e
que nem se passavam pela minha cabeça?
Por exemplo, aqui na cidade onde moro,
os garçons vêm à mesa a todo momento, perguntam se você quer mais água,
perguntam se a comida está boa, ou se você quer uma sobremesa. Bem, um garçom
então veio à minha mesa e me perguntou como estava a comida, depois disso, ele
também foi falar com a terceira mesa, ou seja, ele pulou a que estava a família
conversando em linguagem de sinais. É importante ressaltar que pode sim
ter havido um gesto do garçom para a mãe do garoto que eu simplesmente não tenha
visto, eu não quero aqui julgar o garçom, mas ao contrário, me colocar no lugar
dele e constatar que essa também é uma situação nova e diferente para ele, e é
exatamente isso que às vezes me incomoda nas minhas relações com outras
pessoas. Eu imagino sempre que ninguém está preparado para oferecer ajuda que é
devidamente necessária, ou, ainda mais, mudar o seu jeito de agir em
detrimento da acessibilidade requerida no momento.
É claro que aquilo que está na minha
cabeça depende única e exclusivamente de mim, isto é, cabe somente a mim
entender que as pessoas sim querem ajudar e estão dispostas sim a adaptar o seu
mundo para ofertar a justiça social existente na acessibilidade. Mas o que
fazer em relação aos outros?
Ahhhhh, os outros; Sartre
já dizia: o inferno são os outros.
Neste contexto, eu acredito muito na educação
e na informação - aliás, acredito nos efeitos transformadores da educação em
qualquer vertente da sociedade e da vida.
Eu
realmente acredito que com a informação necessária, todos podem sim ser extremamente empáticos e pensarem a acessibilidade como um fator
imprescindível dentro de uma sociedade justa e civilizada.
Por fim, além da necessidade de nos
abrirmos para a acessibilidade, as pessoas que dela necessitam devem
também se mostrar e deixar bem claro para a mundo que elas estão ali, clamando
um direito que é, na verdade, de todos: viver em sociedade. E era exatamente
isso que aquele rapaz estava fazendo ali naquele restaurante.
Weber Amaral
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Amei esse texto também! E espero me educar bastante e ser “provocada” a refletir mais sobre esse tema. Obrigada e continue postando !
ResponderExcluirOlá Lóris
ExcluirVc já é bem edducada :-).
Haverão outros textos sim, pode deixar. Muito obrigado pela força.
Adorei ler o texto, parabens pelo trabalho, espero outros 😀.
ResponderExcluirAqui na cidade onde moro tenho amigos que vão adorar ler e compartilhar suas experiências nos comentários... Compartilharei
Obrigado Anomimo (que eu sei qm é :-p)
ExcluirValeu pela força e espero que o pessoa da sua cidade (q eu tbm sei ql é) também goste dos textos.
Abraços meu irmão.