Expectativa versus realidade
Se fosse para tentar adivinhar um número, eu diria que já devo ter me consultado com aproximadamente uma centena de oftalmologistas durante toda a minha vida. Já passei inclusive por Hospitais Universitários, nos quais o professor colocava seus alunos em fila para também examinarem o meu caso. Desses muitos médicos que visitei, pelo menos metade deles me disse a seguinte frase após a checagem inicial: “É impressionante o fato de você ainda enxergar”. Ou seja, estou fazendo hora extra há muito tempo.
Hoje,
após três ininterruptas décadas de tratamento e, neste exato momento, me
recuperando da 49ª cirurgia (contagem esta que pode não ser a correta), tenho
uma enorme mistura de sentimentos dentro de mim, que vão desde uma imensurável
gratidão por tudo que já vivi nestes anos, até inevitáveis revoltas e
incompreensões por também ter que conviver com tudo isso.
Agendei
então uma consulta para uma sexta-feira pela tarde. Era um consultório afastado
da cidade, que ficava em um centro médico de uma área suburbana muito
arborizada e próspera (coisa fina). Cheguei no consultório da Doutora S e fui
muito bem recebido pela secretária. Olhei para a parede da recepção e notei os
inúmeros diplomas e prêmios da oftalmologista, ou seja, a sua fama mais uma vez
se confirmava.
Após
alguns minutos de espera, fui chamado para dentro e os técnicos que fazem os
exames iniciais também se mostraram muito atenciosos comigo. Fiz vários testes
naquele dia: tais como ultrassom, medição de espessura de córnea, contraste,
campo visual e outros. Como de praxe, encheram meus olhos de colírio para
dilatação e me puseram em uma salinha escura para aguardar que o remédio
fizesse efeito. Após um tempo considerável, chamaram-me então para a sala na qual
a Doutora S me atenderia.
Ela
entrou na sala com a sua assistente, cumprimentou a mim e à Marida de forma
muito educada e já foi olhando os vários exames que eu havia feito. Ela
analisou todo aquele conteúdo com cuidado e me pediu para que eu tentasse descrever
o meu histórico. Confesso que contar a minha trajetória clínica em inglês é
sempre um belo desafio para mim, mas ela, em especial, queria saber ainda mais
detalhes do meu longo tratamento que os demais médicos daqui. Mesmo assim, ela
elogiou a minha memória e agradeceu o quão minucioso eu consegui ser. Ela então
me examinou por um bom tempo, usou diferentes lentes, luzes e outros aparatos
tecnológicos para ter um melhor diagnóstico possível do meu caso.
Ao
fim do exame, ela descreveu, de maneira bem didática, o que havia visto e
constatou um parecer que não se diferenciava em nada de muitos outros
diagnósticos que eu recebera anteriormente. Para concluir a nossa conversa, ela
disse a frase que resume a minha visita ao seu consultório naquela tarde:
“Hang
in there!” - que em português seria “Aguente firme!”.
Eu,
logicamente, quero ser tratado pelos melhores médicos, tanto que, por mais que
a Doutora S não tenha a cura milagrosa para a minha doença, eu continuo
frequentando o seu consultório periodicamente. Mas, casos como o acima, ou
seja, aqueles nos quais as altas expectativas se confrontam com realidade já me
aconteceram aos montes - e aqui estou somente falando em medicina tradicional,
ou seja, nem vou tocar no assunto espiritual ou religioso hoje.
Eu
penso em elaborar mais textos sobre como eu lido com essa pluralidade de
opiniões médicas que, em muitas vezes, não se convergem, mas o que eu gostaria
mesmo de enfatizar neste texto aqui é que, por mais que a realidade nem sempre é
o que temos de mais agradável e esperançoso, ela é o único caminho que possuímos. Ou seja,
não adianta fugirmos dela.
Weber Amaral
- Clique aqui para seguir o roteiro de leitura dos textos do Dislexia Visual sugerido pelo autor.
Binho, você é muito forte, te admiro muito.
ResponderExcluirNós somos fortes cara.... abraços...
ExcluirMais uma vez repito " sou sua fã: e grata a Deus por te amigo como você!!
ResponderExcluirOunn.. que bonitinho.. a gratidão é toda minha.. beijos
ExcluirForça filhão, estamos juntos nessa luta. Sei como se sente, mesmo com situação diferente. Me orgulho de ter sua amizade ❤️😍. Abraços Paulino
ResponderExcluirUfa.. ainda bem que você colocou seu nome..
Excluirhehe..
Obrigado filhão por me desejar força.. e tbm por me inspirar com a sua..
Hang in there, Binho!
ResponderExcluirVc é admirável!
Thanks Dani... i'll continue hanging in there!
Excluirxoxo
Amigo, gracias por compartir tu historia con nosotros
ResponderExcluirGracias a ti por leer mi historia y por tambien por haber compartido preciosos momientos conmigo.. Cheers.
ExcluirHang in there
ResponderExcluirValeu Edison.. I am hanging in there!
ExcluirAbraços.
Hang in there
ResponderExcluirRealidade × expectativa.
ResponderExcluirNossa realidade certamente deve ser encarada com bravura e isso você faz com excelência, nossas expectativas não devem jamais se limitar a esse mundo terreno e pra isso mando-lhe um concelho amigo, Guarde teu coração, pois dele procede as fontes de vida e sua mente!, ah, leve-a cativa ao Senhor, certamente Ele acalentará seu coração e te usará como instrumento em sua mãos. Deus abençoe sua vida Binhão. #tmj
De uma forma ou de outra, eu creio que a nossa realidade tem q ser a base da nossa expectativa - existencialismo na veia.
ExcluirOlhar o plano divino e ter esperança é perfeitamente aceitável. mas se a vontade vem dos céus, isso não está sob o nosso controle. Ou seja, trabalhamos com o que temos.
Abraços meu amigo.
Força binho.
ResponderExcluirObrigado desconhecida ou desconhecido.. hehe. abraços.
ExcluirVocê é e sempre foi um guerreiro! Continue firme!
ResponderExcluirObrigado Edvana... Sim, seguimos firme aqui. E andando pra frente, que é o único jeito que dá.. beijos
ExcluirAguenta firme, Binho. Vc e Jonny, minha dupla Cosme e Damião. Amo vcs! Abraço da Marilu
ResponderExcluirObrigado pelo apoio e seguimos em frente, beijos
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