Melhores livros de 2023
Seguindo o
costume de todos os anos, está aqui a lista dos principais livros que li ou
reli neste ano. 2023 foi muito produtivo, portanto parar para escrever este
texto sempre me causa muita indecisão e vontade de listar 50 ao invés dos
tradicionais10. Entretanto, esforcei-me bastante e consegui compilar a lista, sempre
relembrando que somente romances de ficção ou biografias entram neste artigo.
Também vale
citar que neste período eu li maravilhosas obras teóricas, como Homo Deus, de
Yuval Harrari; Não aguento mais não aguentar mais, de Ann Hellen Petersen; O
caso contra a perfeição de Michael Sandel; e
obviamente Quem manda no mundo e Requiém para o sonho americano, do
sempre espetacular Noam Chomsky. Porém, a lista abaixo somente trará ficções e
biografias lidas entre Janeiro e Dezembro de 2023.
1. Torto Arado – Itamar Vieira Júnior
Certamente
o maior acontecimento da literatura brasileira das últimas décadas, Torto arado
vai ao coração da Chapada Diamantina para revelar uma história mágica, sensível
e encorajadoura da relação do ser humano com a terra e como as próprias pessoas
podem abalar esta harmonia. Uma narração de virtudes,, sofrimento e insurgência
social. Torto arado é um livro apaixonante, estigante do início ao fim e que
trata aspectos da história brasileira de forma lúdica e extremamente real e
poética.
2. As vinhas da ira – John Steinbeck
(The
grapes of wrath) Com certeza o melhor romance estadounidense que já li na
vida, As vinhas da ira é um relato jornalístico e poético de um dos momentos
mais avassaladores da história da América do Norte. Terríveis secas e a grande
depressão de 29 afligem o país, e milhões de pessoas tentam buscar o tão
almejado sonho americano rumando para Oeste, entretanto ali nem tudo é tão
simples e belo quanto as propagandas demonstram. Um livro sensível,
denunciativo e que culmina com uma das cenas mais chocantes da história da
literatura mundial.
3. Suite Tóquio – Giovana Madalosso
Outra
recente obra da literatura brasileira e que tem como principal tema a
maternidade e o cuidado dos filhos. Entretanto, a obra vai além e discute temas
sensíveis como crise do casamento, proteção ambiental, e torna a história ainda
mais crítica aocolocar o assuntodo abismo social no centro do romance. Com uma
narrativa incrível entre as duas principais personagens, a autora paranaense
nos coloca em um turbilhão de sentimentos, no qual não existem bandidos nem
mocinhos, mas sim seres humanos, vivendo suas dores e desafios no auge de suas
descobertas pessoais.
4. A trança – Laetitia Colombani
Neste encantador
romance, trës mulheres com vidas geograficamente dispersas vivem suas dores
particulares e buscam de alguma forma vencer as batalhas que lhes afligem. A
escritora francesa descreve de forma única tais mulheres em suas lutas de
redenção dentro de sociedades machistas e patriarcais a seu modo. Isso nos
mostra que não importa a localização do mundo, a luta do feminismo por mais igualdade
é necessária em cada aspecto da vida humana. O livro tem um final espetacular
que surpreende todos aqueles que tem o prazer de ler esta linda obra literária.
5. Americanah – Chimamanda Ngozi Adichie
Após uma
difícil juventude na Nigéria, uma promissora estudante recebe a notícia que irá
aos Estados Unidos para seguir sua formação acadêmica. A genial escritora então
nos imerge neste mundo duplo e de significativos contrastes entre a África e a
América. Entre casos românticos mal resolvidos e diferenças culturais, Chimamanda
nos mostra sociedades racistas e que não conseguem se entender dentro de suas
próprias camadas. O livro é uma bela reflexão sobre coloniamiso, diferenças étnicas
e culturais que não percebemos o quão próximas estão de nossos cotidianos.
6. O avesso da pele – Jefferson Tenorio
Outra
belíssima obra contemporânea brasileira e que traz a questão da cor da pele de
maneira dura e verdadeira em cada uma de suas páginas. Um livro difícil de
tragar, mas que explora o racismo estrutural brasileiro de forma delicada e, ao
mesmo tempo, abrupta. O Sul do Brasil é o cenário de onde saem os tristes
relatos deste livro e que nos mostra que muito ainda precisa ser feito para que
os preconceitos sejam abolidos da nossa convivëncia social.
7. Toda luz que não podemos ver – Anthony Doerr
Uma
história emocionante ambientada na França ocupada durante a 2ª Guerra Mundial, que
conta a jornada de dois jovens com duras realidades e que de certa forma tem
seus destinos entrelaçados no meio deste grande conflito. O livro recentemente também
se tornou uma série na Netflix e está com uma excelente avaliação. Além disso,
a atriz escolhida para fazer o papel principal é cega e portanto traz mais
realidade ao viver a protagonista do romance. Recomendo tanto o livro quanto a
série.
8. Eu sou Malala – Malala Yousafzai
Trata-se da
auto biografia da vecedora do Nobel da Paz. Uma jovem paquistanesa que milita
pelo direito das meninas a também terem acesso à educação em meio ao caos
social que assola a região no começo do século XXI. Uma narrativa comovente e
que mostra a crueldade humana em muitos aspectos, mas que nos enche de esperança
que um dia teremos de fato igualdade e liberdade para todos e todas.
9. Os sete maridos de Evenlyn Hugo – Taylor Jenkins
Uma
história literalmente hollydiana e que mostra os bastidores da fama a partir da
perspectiva de uma super estrela da sétima arte. Evelyn Hugo é uma das maiores atrizes
de sua geração e muito mistério ronda a sua vida. Neste livro a autora nos
convida a conhecer aquilo que tabóides noticiam de uma forma, entretanto não
representa a vida como ela de fato é. Trata-se de uma obra que aborda
preconceitos, abusos e muitas questõesencobertas e que são o pano de fundo doestrelato.
10. O país dos cegos – Andrew Leland
Por conta
de uma doença chamada Retinose Pigmentar, Andrew Leland gradualmente está perdendo
a visão. Ele então nos conta nesta obra auto biográfica sobre sua jornada de
constante adaptação a este novo mundo que se revela cada dia mais turvo.
Entretanto, além de nos brindar com emocionantes aventuras e desventuras de seu
convívio pessoal e familiar, ele também faz um levantamento jornalístico de
como é ser um deficiente visual nos Estados Unidos. Ele aborda aspectos
políticos, históricos e do mercado de trabalho para pessoas cegas na América.
Portanto, esta é uma obra que toca o coração e que igualmente informa o leitor sobre
aspectos que muitas vezes a sociedade finge não ver.
Bônus: Budapeste – Chico Buarque de Holanda
Um gênio da
música popular brasileira toma uma licença poética para compor uma obra fantástica
e ao mesmo tempo intrigante. José Costa é um ghost write no Rio de
Janeiro e escreve matérias e romances para outras pessoas. Seu maior prazer é
ver uma obra por ele composta brilhar sem que ninguém conheça a sua verdadeira
autoria. Entretanto, a história toma um rumo completamente diferente quando o personagem
tem contato com o idioma húngaro e aquele país o faz uma pessoa irreconhecível.
Trata-se de uma obra bem humorada e meta linguística que revela porque Chico
Buarque é mesmo fantástico como cantor, compositor, dramaturgo e também romancista.
Conforme eu
disse no primeiro parágrafo, eu gostaria de apontar muitos e muitos livros que
li este ano, mas preferi manter a lista consistente com os períodos anteriores.
Entretanto algumas outras obras valem ser citadas aqui: Bird Box, Josh Malerman;
A boa Irmã, Sally Hepwurth; A metade perdida, Brit Bennett; e Um gato de rua
chamado Bob, de James Bowen.
Weber
Amaral
Notas:
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de 2022.
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